terça-feira, 26 de maio de 2020

ATIVIDADE DE MATEMÁTICA - ARTE, NÚMEROS E GEOMETRIA: Gravura de Ernst Haeckel (2º/3º ano EF)

Figura 1: Gravura de 1904 por Ernst Haeckel.

1) Observe a gravura acima. Quais figuras se aproximam do formato dos sólidos geométricos que conhecemos? Indique a qual sólido geométrico cada figura se assemelha. Depois, faça seu desenho. Veja o exemplo: 

ÚLTIMA FIGURA DO CANTO INFERIOR DIREITO  – SE ASSEMELHA A UM PARALELEPÍPEDO




Possíveis respostas: 
Cilindro/Prisma (figura do canto inferior esquerdo); 

Esfera (figura central). 

Objetivo e/ou Habilidade da BNCC: Identificar os sólidos geométricos em figuras artísticas, por meio da visualização de características gerais.


2) Que objetos que você conhece se parecem com os desenhos da gravura? 


Respostas possíveis: Bola / Caixa de remédio / Caixa de pasta de dente / Lata 


Objetivo e/ou Habilidade da BNCC: (EF01MA13) Relacionar figuras geométricas espaciais (cones, cilindros, esferas e blocos retangulares) a objetos familiares do mundo físico. 


3) De acordo com a legenda, hoje, em 2020, quantos anos essa pintura têm? 


Resposta: 2.020 – 1.904 = 106 anos 


Objetivo e/ou Habilidade da BNCC: (EF03MA06) Resolver e elaborar problemas de adição e subtração com os significados de juntar, acrescentar, separar, retirar, comparar e completar quantidades, utilizando diferentes estratégias de cálculo exato ou aproximado, incluindo cálculo mental. 


4) Olhe para a figura por 30 segundos e depois responda, sem olhar de novo, as perguntas: 


a) Quantas figuras têm na pintura? 

b) Quantas figuras têm algum detalhe colorido (sem ser preto e branco)? 
c) Quantas figuras têm várias bolinhas amarelas? 

Respostas: 

a) 13 
b) 5 
c) 2

Objetivo e/ou Habilidade da BNCC: Exercitar uma habilidade do pensamento geométrico a saber: memória visual.


Autoria:
Mariana Aline Nita
Graduanda do Curso de Licenciatura em Pedagogia - UFMT

quinta-feira, 14 de maio de 2020

CORONAVÍRUS - NOVO LIVRO DA SÉRIE PEQUENOS CIENTISTAS - MUNDO INVISÍVEL

Disponível em: https://www.edufmt.com.br/post/coronav%C3%ADrus-novo-livro-da-s%C3%A9rie-pequenos-cientistas-mundo-invis%C3%ADvel

Muito se fala sobre o novo Coronavírus, o vírus que parou o mundo e transformou o modo de viver de cidadãos de diversos países devido ao seu alto nível de contágio. Mas você já se perguntou onde ele surgiu? Como ele de fato se propaga e por quê os profissionais da saúde nos recomendam que fiquemos em casa? Como evitar o contágio pela COVID-19 em meio à Pandemia?
Roberta Martins Nogueira, Fabiana Cristina Donofrio, Evaldo Martins Pires, Roberta Vieira de Morais Bronzoni e Leticiane Munhoz Socreppa se uniram para responder essas e outras perguntas no livro Coronavírus, da série Pequenos Cientistas - Mundo Invisível. O volume tem como foco trazer informações de modo acessível ao público infantil, com ilustrações e até mesmo um glossário, para que os pequenos fiquem por dentro de tudo.

O e-book Coronavírus está disponível gratuitamente no site da EdUFMT e, em breve, o livro físico também será distribuído sem custo algum.

Clique aqui para fazer o download do livro no site da EdUFMT

terça-feira, 12 de maio de 2020

“O ensino a distância corre o risco de piorar as desigualdades”. Entrevista com Pascal Plantard


“O ensino a distância corre o risco de piorar as desigualdades”. Entrevista com Pascal Plantard

Desde 16 de março, escolas e universidades estão fechadas. As escolas recebem apenas os filhos da equipe de saúde. Professores e alunos não estão de férias. Os professores devem enviar regularmente lições e deveres de casa pelas plataformas dedicadas a dar uma “continuidade pedagógica”.

A entrevista é de Eva Mignot, publicada por Alternatives Économiques, 27-03-2020. A tradução é de André Langer.

Mas nem todos, crianças e adolescentes, são iguais diante de seu computador. Se os alunos de origens privilegiadas costumam contar com os pais para esclarecê-los e orientá-los tanto no conteúdo educacional quanto no uso da tecnologia digital, os outros podem se sentir perdidos ou até mesmo abandonar completamente os estudos. A desigualdade digital de fato existe. Pascal Plantard expressa seus medos.

Pascal Plantard é professor de ciências da educação na Universidade de Rennes 2 e antropólogo dos usos das tecnologias digitais.

Eis a entrevista.

Podemos temer, nestes tempos de reclusão, que o ensino a distância tenda a aumentar as desigualdades educacionais?

Isso está muito claro. Estudos internacionais como Pisa já o demonstraram, nossa escola já é estruturalmente desigual. É provável que o ensino a distância agrave ainda mais as coisas.

Por um lado, contrariamente à crença popular, nem todos estão conectados: nove em cada dez pessoas são consideradas “internautas” e 10% da população raramente usa a internet. Portanto, restam-nos mais de 80% das pessoas que se conectam com bastante regularidade. Sabendo que em Paris a taxa é próxima de 100%, mas que em algumas áreas rurais e até mesmo em alguns distritos urbanos, cai para 50%! A questão das zonas brancas ainda é muito atual.

Por outro lado, devemos desconstruir a mitologia dos nativos digitais: todos os jovens nasceram com o digital e, portanto, dominam perfeitamente seus códigos. Dentro de uma mesma faixa etária, existem diferenças muito significativas no uso da tecnologia digital. Nem todos os adolescentes conectados à internet têm condições de traduzir seu uso em competências aproveitáveis no trabalho escolar.

Isso é ainda mais verdade uma vez que o acompanhamento dos pais na escola a distância não é o mesmo nas famílias mais abastadas e nas mais desfavorecidas...

De fato, quando os pais são forçados a tirar o nariz dos smartphones e a mergulhar em um ambiente mais exótico, como o TikTok ou o Snapchat, percebemos que há grandes diferenças dependendo do ambiente social: as famílias desfavorecidas são mais carentes.

Elas também exercem menos controle parental do que as outras; assim, seus filhos costumam ter mais uma televisão, um console de jogos ou até um computador no quarto do que em ambientes socialmente favorecidos. Para os professores, a principal dificuldade consiste em atrair os alunos para uma escola digital, socialmente útil e não apenas baseada no lazer.

Uma pequena e simples ilustração: poucos alunos têm um endereço de correio eletrônico pessoal. No entanto, o acesso ao ENT, o espaço digital de trabalho da Educação Nacional, está precisamente condicionado a um endereço de correio eletrônico. O uso de correio eletrônico deixa totalmente para trás alguns alunos: para o envio de currículos ou de exercícios. Podemos então nos encontrar em situações favoráveis ao abandono escolar.

Vemos professores recorrer às ferramentas digitais preferidas dos seus alunos, como o Discord, usado principalmente por jogadores ou ainda o FaceTime. Essa é uma maneira de capturar as pessoas que mais sofrem com as desigualdades ligadas à escola a distância?

As EdTech (1) ou os Gafa podem oferecer ferramentas, os professores “caçam furtivamente”: eles usam outras ou desviam-nos de seu propósito original. Alguns deles separam os conteúdos pedagógicos dos canais de comunicação. Por proposta dos alunos, eles usam Discordstories Snapchat ou grupos Instagram.

Para esses professores, o objetivo é conseguir recuperar os alunos que estão afastados da escola e dos usos digitais, usando seu próprio ambiente tecnológico ordinário para, em seguida, fazê-los retornar aos conteúdos mais clássicos. É uma transformação que tem suas consequências: em poucas semanas, a escola ocidental no sentido amplo terá de fato mudado.

Os cursos de informática e de iniciação ao digital não contribuíram para fazer as coisas acontecerem?

Difícil dizer. Os sucessivos ministros da Educação nacional tiveram a tendência de desfazer o que seu antecessor realizou ou, pelo menos, de seguir uma direção completamente diferente. O governo pegou o último chocalho da moda. François Hollande, por exemplo, queria criar um impacto midiático ao distribuir tablets para os alunos de uma série dos “collèges”.

Mas nós sabemos muito bem que a simples distribuição de material nunca funcionou para reduzir o fosso digital. São necessários tempo e recursos humanos. Nos últimos anos, entre ensinar a dimensão crítica e social da tecnologia digital ou aprender o código, os governos nunca foram realmente capazes de decidir. Mas um não se opõe ao outro, pelo contrário.

Quem são os públicos mais expostos ao aumento das desigualdades entre alunos com esse ensino a distância? O primário? O “collège” ou o “lycée”? (*)

As distâncias culturais e as dificuldades de acesso às tecnologias digitais geralmente estão mais relacionadas à família do que à idade dos alunos. No entanto, é verdade que outros fatores entram em jogo.

Devemos lembrar que grande parte da organização do primeiro grau nunca se fez a pergunta sobre as tecnologias digitais na escola. Até a semana passada, algumas escolas não tinham um ENT (espaço digital de trabalho) para alunos e para os professores do ensino fundamental. Na Bretanha, por exemplo, um sistema foi criado em dois dias!

Mas é possível que o comprometimento dos professores do primário e sua proximidade com as famílias compensem sua distância tecnológica e limitem os riscos de aumento das desigualdades entre os alunos.

No lado do “lycée”, os alunos são mais independentes. Eles próprios oferecem ferramentas aos seus professores para combater o isolamento desse ou daquele colega de classe.

Na minha opinião, o lugar onde tudo se complica é de fato o “collège”: é o momento do balanço entre a pré-adolescência e a adolescência. Geralmente é onde encontramos as principais situações de abandono ou de assédio escolar. Os professores do “collège” ficam assoberbados com estas questões e não têm necessariamente tempo para iniciá-los nos usos da tecnologia digital.

Que soluções você recomenda para reduzir esse fosso digital?

É um trabalho de longo prazo. Em primeiro lugar, certamente, será necessário resolver o problema das zonas brancas e, acima de tudo, parar de partir da premissa de que os jovens de hoje estão todos conectados e usam o digital da mesma maneira. Também será necessário, em vez de pensar na formação técnica dos professores, acompanhá-los para pensar os usos pedagógicos das tecnologias digitais.

É importante retomar o que eles foram capazes de fazer durante esse período de reclusão e de ensino a distância e tirar lições. Além disso, também é hora de colocar novamente no centro da nossa sociedade a profissão de mediador digital, que deveria estar presente nas bibliotecas, nos centros sociais...

Só que, em muitos lugares, esse trabalho é confiado a pessoas que não foram formadas, a jovens em serviço cívico! No entanto, é uma profissão fundamental para reduzir a desigualdade digital. O mediador digital não é apenas útil no contexto da educação a distância: ele poderia ser criado para os assistentes de pré-escola, para os trabalhadores dos Ehpad (lares para idosos) ou para os assistentes sociais.

Notas:

1. As EdTechs são empresas, geralmente start-ups, que desenvolvem soluções digitais para facilitar o ensino e a aprendizagem.

(*) Na França, o “collège” (corresponde aos últimos quatro anos do ensino fundamental) e o “lycée” (aos três anos do ensino médio) (Nota do tradutor).

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Nova GLO ambiental coloca Ibama e ICMBio sob comando de militares

https://climainfo.org.br/2020/05/08/nova-glo-ambiental-coloca-ibama-e-icmbio-sob-comando-de-militares/?utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=12052020-Newsletter-ClimaInfo

Nova GLO ambiental coloca Ibama e ICMBio sob comando de militares

exército Amazônia

O governo decretou na 4ª feira (6/5) uma operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) que submete o trabalho de prevenção e combate ao desmatamento do Ibama e do ICMBio ao controle do Ministério da Defesa e das Forças Armadas.

O objetivo da medida é reforçar as ações contra o desmatamento ilegal e focos de incêndio na Amazônia Legal, agora sob coordenação dos comandos militares e não mais dos órgãos ambientais civis. O período de vigência da GLO vai de 11 de maio a 10 de junho, informa O Globo.

No ano passado, quando o governo federal também recorreu aos militares para combater as queimadas, a subordinação dos órgãos ambientais ao comando do Exército não existia. Com a mudança, o trabalho de investigação e estratégia do Ibama e de outros órgãos ficará submetido à avaliação do Exército, que será o responsável por definir a abordagem de fiscalização e as operações que serão realizadas em campo.

Na Folha, Ana Carolina Amaral lembra que o Ibama teve dificuldades de articulação com o Exército nas operações do ano passado. Em algumas situações, os militares teriam se recusado a participar de operações envolvendo a destruição de equipamentos apreendidos em atividades ilegais.

Essa questão nos leva a um problema no decreto desta semana: como aponta Maurício Tuffani no Direto da Ciência, a GLO finalmente permitirá ao presidente Jair Bolsonaro cumprir uma promessa antiga para garimpeiros e madeireiros – impedir a destruição do maquinário utilizado por criminosos ambientais.

Em tempo 1: Os três meses da GLO contra as queimadas do ano passado custaram mais de R$ 124 milhões, 32% a mais que o gasto pelo Ibama com fiscalização e combate aos incêndios florestais durante todo o ano de 2019.

Em tempo 2: Enquanto o Ministério da Defesa e as Forças Armadas assumem a dianteira da política federal para a Amazônia, o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles foi expulso de seu partido. De acordo com ele mesmo, o NOVO decidiu por sua expulsão por ter assumido o ministério “sem qualquer informação prévia ou pedido de autorização” à sigla. A direção do NOVO confirmou a decisão, mas ressaltou que ela ainda é preliminar, já que Salles ainda pode recorrer – o que, aparentemente, não acontecerá. Desde outubro passado, sua filiação estava suspensa por conta de representação feita por filiados do Rio de Janeiro por sua atuação de “absoluta irresponsabilidade” à frente do Ministério do Meio Ambiente durante o episódio das queimadas na Amazônia.

 

ClimaInfo, 8 de maio de 2020.

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segunda-feira, 11 de maio de 2020

desemparedamento da infância: a escola como lugar de encontro com a natureza



livreto_lancamento

Obra sistematiza caminhos do processo de ressignificação dos espaços da escola para o desenvolvimento e aprendizado da criança com a natureza

Estudos recentes apontam que ambientes ricos em natureza, incluindo as escolas com pátios e áreas verdes, praças, parques e espaços livres para o brincar, ajudam na promoção da saúde física, mental e no desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais, motoras e emocionais das crianças. Este foi o ponto de partida para que o programa Criança e Natureza, do Alana, desenvolvesse a publicação ‘Desemparedamento da Infância: a Escola como Lugar de Encontro com a Natureza’, que será lançada dia 7 de maio, às 14h, no Espaço Itaú Cultural, em São Paulo.

ACESSE A PUBLICAÇÃO GRATUITAMENTE

https://criancaenatureza.org.br/wp-content/uploads/2018/08/Desemparedamento_infancia.pdf

Pelos quatro cantos do Brasil e do mundo, já existem experiências de escolas que permitiram que as crianças aproveitassem os pátios escolares e outros territórios educativos como ambientes de aprendizado e brincar livre. Esses exemplos são apresentados na publicação e colocam às escolas uma reflexão importante sobre como contribuir para mudar a atual realidade e desemparedar a infância.

“Urge pensarmos no desemparedamento da infância para que todas as crianças possam ter um desenvolvimento saudável e com maior liberdade nos espaços abertos das cidades. Por isso nos inspiramos nos conceitos proposto por especialistas em diversas áreas da infância, para sistematizarmos alguns caminhos para promover a resignificação dos espaços escolares como local potente para o aprender com e na natureza. Queremos reverberar essas ideias para ampliar as possibilidade de conectar a educação com a vida que pulsa do lado de fora”, comenta Laís Fleury, diretora do programa Criança e Natureza.  


SAIBA MAIS:

‘Desemparedar a Infância’ é o tema do II Seminário Criança e Natureza

Nossas principais ações ao longo de 2017



domingo, 10 de maio de 2020

o mundo será igual, se o humano não aprender

https://www.pnbonline.com.br/geral/mundo-sera-igual-se-o-ser-humano-na-o-aprender-alerta-pesquisadora-para-o-pa-s-pandemia/65948

EDUCAÇÃO E MEIO AMBIENTE

"Mundo será igual se o ser humano não aprender", alerta pesquisadora para o pós-pandemia

Michele Sato, que também é doutora em Ciências, analisa a crise mundial provocada pelo coronavírus, nesta entrevista ao PNBOnline

da Redação
arquivo pessoal
Michele Sato

O olhar da ciência sobre a crise mundial provocada pela pandemia do coronavírus traz à tona questionamentos sobre a participação do ser humano neste processo e quais as consequências no futuro próximo. Afinal, a morte de centenas de milhares de pessoas pela covid-19 vai transformar a humanidade para melhor? Nesta entrevista concedida ao PNBOnline, com a colaboração dos jornalistas e professores doutores Pedro Pinto de Oliveira e Diélcio Moreira, a coordenadora do Grupo Pesquisador em Educação Ambiental, Comunicação e Arte (GPEA), da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), professora doutora em Ciências Michele Sato, faz uma análise deste contexto e aponta que tudo depende do cuidado que as pessoas têm com outros seres na natureza. Veja os principais trechos da entrevista:

Pedro Pinto de Oliveira: Existe uma crença que o homem pode domesticar todas as forças naturais. O que essa ideia implica em termos de erros que se cometem contra a nossa própria condição de vida?

Michele Sato - A megalomania do ser humano de querer controlar tudo, inclusive na paisagem arquitetônica ou no simples exemplo de cortar as árvores na frente das casas, a mania de querer arredondar, dar um outro formato. Mas a natureza não é assim. Este ato de você podar a árvore redonda é dizer eu tenho o controle sobre a natureza, eu dou a forma que eu quiser. Isso surge há muito tempo, filosoficamente, quando foi considerado o máximo do Positivismo, o ser humano de um lado e natureza de outro. A modernidade trouxe uma mensagem dizendo: você é primitivo se for da natureza, o mais culto está na cidade. Se você pegar a pintura de Delacroix, na França, a liberdade fazendo a revolução em Paris, depois ela se transforma em estátua e França dá de presente para Nova York (A Liberdade guiando o povo, em francês: La Liberté gudant le peuple, uma pintura de Eugène Delacroix em comemoração à Revolução Francesa, de Julho de 1830) é a cara revolucionária e aí, você retorna para campo, pintores como o próprio Van Gogh, com camponeses curvados, baixos. 

A burguesia achava que era mais fácil dominar o campo do que a cidade. O campo era a natureza e a cidade, a humanidade. Então, esse binarismo que surgiu entre natureza e sociedade fez com que a gente achasse que nós somos mais fortes do que a natureza, mas nós somos parte da natureza. Fazemos parte de um elo, onde somos uma das partes. A gente sempre esquece de bicho, planta, de bichinho que a gente não enxerga. Afinal de contas, o morcego não é o vilão da covid-19, o vilão é o ser humano que foi lá e depredou a natureza. Esta separação positivista do humano e da natureza trouxe esta sensação de que nós somos melhores e controlamos a natureza, mas isso não acontece. Tanto que um dos nortes para ebola, aids e agora, covid-19, é de que os bichos que estavam milenarmente quietinhos, em um lugar, surgem e vira uma pandemia. 

Pedro Pinto de Oliveira: O Antropoceno, período que marca as nossas atividades humanas que começaram a ter um impacto global significativo no clima da Terra e no funcionamento dos seus ecossistemas, é datado por alguns especialistas a partir do final do século XVIII. Qual é o marco contemporâneo dessa intervenção em termos de impactos?

Michele Sato - O grande impacto, segundo Paul Crutzen, que ganhou o prêmio Nobel por ter cunhado o sistema Antropoceno, ele vem do alto custo energético que o ser humano fez do planeta: o motor a vapor, os poços de petróleo, a mecanização da agricultura e, consequente, uso de agrotóxicos. Ele julga que tem três fases: a aceleração industrial, no início do século XVIII; depois veio a agricultura que foi uma exploração da terra de uma forma assustadora; e agora, estamos enfrentando a emergência climática. Não falamos mais em mudança climática que é um fenômeno natural, mas emergência climática, a gente assume que a ação humana está por trás disso. Impreterivelmente, uma tendência mundial recente que está acontecendo. Alguns teóricos, e eu estou entre eles, têm chamado isso de Capitoloceno. O Paul Crutzen teve o seu mérito, houve sim uma exaustão da natureza por causa da energia e da agricultura que trouxe uma transformação climática mas, nós não somos todos iguais. Então, um morador aqui do Renascer (bairro em Cuiabá), ele tem menos culpa no cartório do que um cara do agronegócio. Ele elimina menos gases do efeito estufa e não é só o carbono, como a maioria coloca. Mato Grosso é campeão em emissão de metano, por exemplo. Quem está eliminando mais esses gases? É o capital, a indústria, o agronegócio, as grandes corporações. Hoje em dia, se ouve muito dizer que depois da covid-19 o mundo não será o mesmo. Será igual, sim. A gente já ouviu esta frase 200 mil vezes e o ser humano não aprende. 

As projeções petrolíferas continuam a mesmíssima coisa no período de isolamento social. Nos EUA, quando as Torres Gêmeas foram destruídas, em 11 de setembro de 2001, o que mais se falou em jornais como o The New York Times foi “nós nunca mais seremos os mesmos” e, foram tacitamente iguais, ou piores porque elegeram Donald Trump presidente. Nos dias de hoje, 40 dias depois do início do isolamento social, catadores de lixo no mar encontraram muitas máscaras jogadas no oceano. Que lição é essa que está sendo aprendida? A gente precisa de uma revolução no modo de produção. Na década de 70, Schumacher, a obra dele foi equivocadamente traduzida como o Negócio é Ser Pequeno, mas o livro é a Simplicidade é bela (E. F. Schumacher. O negócio é ser pequeno - Small is beautiful - Um Estudo de Economia que leva em conta as pessoas). Temos que recuperar isso, e não só ter, ter. Devagar, de forma amorosa, generosa, com menos consumo, Mas, para fazer esta revolução é difícil. 

A destruição da natureza é um processo que está acontecendo porque as pessoas querem ficar ricas. Não é todo mundo, é uma minoria. Isto precisa ser esclarecido. É o que a gente está chamando de ”Capitaloceno”, uma minoria com uma vontade. Ou seja, 80% da humanidade consomem 20% dos recursos e 20% dos ricos, consomem 80% da energia do mundo.

Pedro Pinto de Oliveira: No meio acadêmico existe um tipo de dualismo que separa a Natureza da Cultura, sem a compreensão da continuidade dessa relação. A crise do coronavírus é um acontecimento importante para entendermos e pensarmos essa continuidade, sem dualismos?

Michele Sato - Quando falei do positivismo já apontei este dualismo. Para quem é educadora como eu, é complicado, porque você tem que ver a realidade e ser otimista. Se situar neste complexo otimista, pessimista é muito difícil. Porque, a gente começa a estudar, fica depressivo com o que vê e se pergunta se tem solução? Tem que ter. As pessoas que acreditam que nós somos separados do todo, vão continuar pensando assim e as pessoas que querem um ambiente mais saudável, uma comida mais orgânica, com menos agronegócio, vão mudar.  A gente tem que aprender, não dá pra voltar ao normal, ao que era, porque não estava dando certo. Por isso que a gente entrou em crise. É preciso voltar, refazer o caminho. Eu lamento dizer que a covid-19 é uma das tantas outras pandemias que virão aí. O degelo que está acontecendo está liberando muitos vírus. Tem virus encontrados no Tibet que ficaram cristalizados 15 mil anos e o que eles vão causar? Nós vamos passar pela covid-19, mas, tenho dúvidas se a gente vai passar pela segunda pandemia. Vai ser uma guerra nas estrelas: a minoria lá em cima na nave e a vasta maioria em tribos e cavernas, aqui em baixo. 

Dielcio Moreira - A Covid 19 é uma resposta da natureza à desatenção, desapego e desrespeito ao Meio Ambiente? 

Michele Sato - Mas, não posso dizer que isso é uma reação da natureza, porque dá a impressão que a terra é viva, uma teoria que eu não compartilho. Eu sou cientista, acredito no Big Bang, que nós moramos em uma rocha chamada terra. Não acredito que ela tenha a capacidade de vingança. Ecologicamente, a pandemia trouxe um desequilíbrio, há uma causa e, aí, a consequência. 

Dielcio Moreira - Com o avanço do pensamento conservador de extrema direita, implantação de políticas econômicas ultraliberais, entrega das florestas aos seus predadores, marginalização radical das comunidades já excluídas e o sucateamento e a desvalorização das escolas, como imagina neste cenário a condução do esforço da educação ambiental?

Michele Sato - Isso é educação ambiental, as informações estão aí, mas, as pessoas negam. Nós estamos no meio de uma guerra híbrida, muito forte e as armas convencionais, revólveres e canhões são substituídas por fake news e manuseio de dados confiáveis. Recentemente, o governo federal contratou uma empresa para fazer o levantamento da covid-19 que é a mesma empresa responsável pela produção de fake news na campanha do então candidato Jair Bolsonaro. Que tipo de credibilidade a gente pode dar aos números que o governo está divulgando? Está morrendo muito mais gente do que se imagina. Não falta informação sobre a pandemia, tá faltando algo a mais. Acho que é esta guinada que o mundo tem que dar.

O ser humano é capaz de dar reviravoltas, de inventar de criar. Se a gente fosse cobaia de laboratório, o experimento nunca daria certo porque nós não temos um comportamento previsível. Nós temos que nos rebelar, temos que criar, que ter esta capacidade de fugir da mesmice.Esta é a nossa beleza e é o que temos que fazer agora.

A destruição da natureza é um processo que está acontecendo porque as pessoas querem ficar ricas. Não é todo mundo, é uma minoria. Isto precisa ser esclarecido. É o que a gente está chamando de ”Capitaloceno”, uma minoria com uma vontade. Ou seja, 80% da humanidade consome 20% dos recursos e 20% dos ricos, consome 80% da energia do mundo.  Estamos vendo uma ascensão  do fascismo no Brasil e no mundo. Esta semana, foi publicada no New York Times uma matéria sobre uma passeata contra o lockdown (suspensão total das atividades como medida de prevenção ao coronavírus), onde uma mulher segurava uma placa escrita em alemão: o trabalho dignifica o humano. Esta era a frase dada em Auschwitz, na Segunda Guerra Mundial, contra os judeus. Isso é uma loucura. Portanto, as máscaras que estamos comprando hoje vão durar muito tempo. Temos um novo perfil social  porque outras pandemias, mais avassaladoras e mortais do que a condiv virão. O Brasil está no mesmo patamar de Serra Leoa e Gana, países africanos miseráveis, que não têm o que comer. 

Quem sofre mais é a periferia, mulheres apanham dos maridos mais agressivos dentro de casa, aumentou o número de estupros de crianças em casa, trabalhadores da saúde em depressão. É injusto. Quem está em lockdown é privilegiado. No extremo, a minha trajetória como militante dos direitos humanos enquanto ecologista, sei que os mais desgraçados são os prisioneiros e o guarda que cuida dele que não pode ter isolamento. Então, não é o cara do agronegócio e do petróleo que não pode parar. Novamente quem paga a conta é a classe economicamente, desprivilegiada. Outra vez, mulheres, crianças e velhos sofrem mais. A situação não é só no Brasil, é mundial. É uma guerra.

Nós, pesquisadores do clima, já prevíamos isso. Dei aula sobre este assunto há uns cinco anos. A gente só não sabia quando, por isso, o que está acontecendo surpreende pela emoção. Porque uma coisa é você estudar esses problemas e  projeta uma perspectiva futura, outra coisa é você presenciar o momento vivido no cotidiano. Obviamente, é uma diferença brutal que desmonta a gente. (emocionada). Muitos pesquisadores estão em tratamento porque não conseguem ficar bem diante disso. Assim, fazemos um esforço para trazer uma palavra de esperança, de conforto, de falar para a população que nós vamos dar um jeito, sem perder o horizonte. O ser humano é capaz de dar reviravoltas, de inventar de criar. Se a gente fosse cobaia de laboratório, o experimento nunca daria certo porque nós não temos um comportamento previsível. Nós temos que nos rebelar, temos que criar, que ter esta capacidade de fugir da mesmice. Esta é a nossa beleza e é o que temos que fazer agora. 

Dielcio Moreira - Há um conceito interdisciplinar, holístico, que ganha corpo mundialmente entre pesquisadores de diferentes áreas. É o conceito de Saúde Única: humanos, animais, aves, oceanos, florestas estão em um só quadrante, amarrados uns aos outros. A tartaruga, por exemplo, é considerada um dos sentinelas do mar: seus movimentos, reprodução e mortalidade  indicam os riscos nos oceanos. É possível trazer essa ideia para o campo da educação, em especial da educação ambiental? 

Michele Sato - Nós somos como uma rede, um é conectado com o outro e a eliminação de um afeta o outro. Aí está a prova, a eliminação de morcegos em uma floresta em Yunnan, na China, diminuiu a população do pangolin, que era o intermediário entre o morcego e o ser humano causou a pandemia. Este é o elo frágil que a terra possui, mas, as pessoas não estão fazendo esta ligação. Incorporar esta dimensão da totalidade, que somos um orgânico ligado, dependemos da terra e da água, precisamos destas conexões. A saúde ecossistêmica é valiosa e depende do cuidado, principalmente, que nós humanos temos com outros seres.  

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sexta-feira, 8 de maio de 2020

Jogos e materiais educativos

https://portal.fiocruz.br/jogos-e-materiais-educativos

Jogos e materiais educativos

Criança brincando com jogo educativo do Biodescoberta
Diversas unidades da Fiocruz desenvolvem atividades e materiais interativos e educativos voltados a estudantes, pesquisadores e profissionais de saúde. Entre os produtos estão livros, boletins, jogos, projetos audiovisuais e multimídias.
Com enfoque na ciência e na saúde, são elaborados como recursos educativos lúdicos e dinâmicos. A ideia é partir da curiosidade, do questionamento e da exploração das experiências, para ampliar a sensação de realização pessoal pelo aprendizado.
Os laboratórios de Inovações em Terapias, Ensino e Bioprodutos e de Educação em Ambiente e Saúde do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) desenvolvem uma série de projetos de educação em saúde. Integram tais iniciativas alguns projetos audiovisuais, multimídias, jogos de tabuleiro e eletrônicos, boletins informativos, entre outros. Disponíveis para download no site do IOC – no link “Educação em saúde” - os materiais são voltados para o desenvolvimento e avaliação de novos recursos educativos.
Museu da Vida também participa ativamente dessa produção. O Invivo, misto de museu virtual e revista de divulgação científica, é um espaço on-line de caráter interativo. Outra ação é a rádio Electron, que mantém um bate-papo sobre temas de ciência e tecnologia. Interessados em adquirir os materiais encontram mais informações no site do Museu.
Como parte da iniciativa, o projeto Vida e saúde no campo, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp), disponibiliza diferentes materiais audiovisuais e impressos.  Exemplo disso é a criação do Jogo dos Amigos do Meio Ambiente (Jama), desenvolvido pela pesquisadora Rosane Curi. Essa proposta diverte e ensina jovens e adolescentes, com incentivos a reflexões sobre a relação meio ambiente, saúde, trabalho agrícola e agrotóxicos.
O jogo educativo-cooperativo está em formato impresso e foi distribuído gratuitamente, enquanto um estudo de recepção, com objetivo de obter avaliação em escolas no meio rural em diversos estados do Brasil. Foi enviado também aos Centros de Referência em Saúde do Trabalhador e algumas unidades de saúde da família que atuam em áreas rurais.
Ainda parte do projeto Vida e saúde no campo, outros produtos, como vídeo, programa de rádio, músicas e livros de histórias foram distribuídos para 1.000 equipes de saúde da família atuantes em áreas rurais de todas as regiões do país.
Em congruência com as ações de educação em saúde, a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV) também produz materiais como livros, vídeos, e até mesmo um Dicionário de Educação Profissional em Saúde. Todos estão disponíveis no site da Escola, no link Publicações – Materiais educativos.

Nova cartilha de saúde mental aborda crianças na pandemia

Nova cartilha de saúde mental aborda crianças na pandemia

08/05/2020
Fonte: Fiocruz Brasília

cartilha
https://www.fiocruzbrasilia.fiocruz.br/wp-content/uploads/2020/05/crianc%cc%a7as_pandemia.pdf


08/05/2020
Fonte: Fiocruz Brasília
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“A pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19) tem trazido mudanças na vida cotidiana das crianças. Há indícios de que a taxa de mortalidade nessa faixa etária é relativamente menor em comparação a outros grupos, como adultos e idosos. No entanto, é preciso afirmar que todas as crianças estão suscetíveis às repercussões psicossociais da pandemia. A desigualdade social também determina diferentes níveis e condições de vulnerabilidade sobre a experiência da infância, de modo que os profissionais da saúde devem estar atentos às demandas de atenção e cuidado que se produzem nessa situação”. Essa é a reflexão proposta pela nova cartilha da série Saúde Mental e Atenção Psicossocial na Pandemia Covid-19, elaborada por pesquisadores colaboradores do Centro de Estudos e Pesquisas em Emergências e Desastres em Saúde (Cepedes/Fiocruz), sob coordenação de Débora Noal e Fabiana Damásio, diretora da Fiocruz Brasília.
O objetivo da cartilha é apresentar aspectos referentes à saúde mental e à atenção psicossocial de crianças no contexto da pandemia, destacando fatores relacionados à sobrecarga de trabalho e de demandas no âmbito familiar e à fragilização do funcionamento das redes de apoio. “Dentre as reações emocionais e alterações comportamentais frequentemente apresentadas pelas crianças durante a pandemia, destacam-se: dificuldades de concentração, irritabilidade, medo, inquietação, tédio, sensação de solidão, alterações no padrão de sono e alimentação”, afirmam os autores. São reações esperadas diante das dificuldades do cenário atual, porém lidar com as alterações emocionais e comportamentais das crianças não é fácil para pais e cuidadores, que também estão vivenciando níveis mais elevados de estresse e ansiedade neste período.  
Interação familiar, rotina e fatores de risco para violência são alguns dos assuntos discutidos na cartilha, que aborda também os casos de crianças refugiadas ou migrantes e crianças com deficiência. Os autores incentivam que pais e cuidadores dialoguem com as crianças sobre a situação atual. “Não é preciso ter medo de conversar sobre o que está acontecendo com as crianças. Elas já ouviram falar sobre o vírus e é possível explicar de uma forma compreensível e honesta sobre a doença, orientar com relação às medidas de cuidado e prevenção, esclarecer dúvidas e permitir que se expressem a respeito”, recomendam. 
A cartilha traz, ainda, orientações para momentos futuros. “Antecipando as preocupações e cuidados advindos do término da quarentena, é recomendado considerar que a possibilidade de transmissão do vírus não cessará, apenas se reduzirá o impacto quantitativo da onda de transmissão, o que faz necessário que a retomada da rotina, do trabalho e dos serviços de atenção à saúde seja planejada”, dizem os autores. “É importante que se possa acolher e trabalhar o assunto da pandemia, do que foi vivido no distanciamento social, dos efeitos que persistem de tristeza, medo da morte ou outras preocupações. Igualmente, é essencial que experiências de resiliência, solidariedade e compaixão também sejam compartilhadas”, acrescentam.